Acho que posso afirmar que Gaudí está para Barcelona assim com o sol está para a praia. Um sem o outro, não tem a mesma graça. São mais de dez obras de Gaudí em Barcelona, cidade conhecida por respirar arte, por sua arquitetura e por ser a segunda maior da Espanha. Além de ser o local em que o arquiteto catalão, precursor da estética modernista espanhola, desenvolveu seus trabalhos, a capital da Catalunha também é berço de outros artistas do movimento.
Sendo assim, já te faço o convite para fazer a Rota do Modernismo de Barcelona, quando vier passear por aqui. Pois além das construções projetadas por Gaudí, é possível conhecer também obras de outros artistas e arquitetos. Sem dúvida um passeio que não pode faltar em seu roteiro pela bela Barcelona.
Obras de Gaudí em Barcelona – Quem foi Antoni Gaudí?
Apesar de ter nascido em Reus, na província de Tarragona em 1852, Antoni Gaudí se mudou aos 17 anos para Barcelona. E mesmo tão jovem, já demonstrava ter habilidades manuais. Foi na cidade que ele iniciou seus estudos de arquitetura na Faculdade de Belas Artes e começou a desenvolver projetos que se tornaram referência não só na Espanha, mas no mundo todo.
Durante sua estadia no serviço militar, em que ingressou em 1874, ele projetou não só o sistema hidráulico da Cascata do Parque da Cidadela, mas também desenhou máquinas das empresas Padrós e Borràs e colaborou no projeto da capela do Mosteiro de Montserrat juntamente com o arquiteto Francesc de Paula Villar. No ano de sua graduação, 1878, ele conhece Eusebi Güell, que foi o maior financiador de suas obras.
O arquiteto foi um nacionalista catalão, sendo a favor da independência da Catalunha do restante da Espanha, chegando a ser preso por isso. Ele acabou morrendo em 1926, aos 73 anos, após ser atropelado por um bonde. Seu corpo está sepultado na Sagrada Família.
Conheça agora as principais atrações de Barcelona projetadas pelo arquiteto:
Casa Vicens
A primeira grande obra de Gaudí foi a construção da Casa Vicens, encomendada por Manuel Vicens, dono de uma fábrica de cerâmica, em 1878. Como o arquiteto ainda buscava seu próprio estilo, a casa, que começou a ser construída em 1883, possui bastante elementos hispano-arábicos, com destaque para o uso de azulejos e pedras. Ainda assim, é possível perceber detalhes de motivos vegetais e florais, comuns em seus projetos.
Localização: Carrer de les Carolines
Visitação: Diariamente, das 10h às 20h | 18€
Pavellons de la Finca Güell
O projeto do jardim e pavilhões de acesso da casa de Eusebi Güell marca o início de uma série de obras que Antoni Gaudí viria a realizar para o mecenas e sua família.
A residência, localizada na região de Pedralbes, se destaca das demais graças à Porta del Drac (porta do dragão), em ferro forjado e as cruzes de quatro prontas, que são características do trabalho do arquiteto.
Localização: Av. de Pedralbes
Visitação: atualmente fechada por reformas.
Obras de Gaudí em Barcelona: Palau Güell
O Palácio Güell, também encomendado pelo mecenas, é considerado um dos primeiros prédios modernistas do mundo. Ele começou a ser construído em 1886 e serviu de residência para a família Güell.
Construído em estilo gótico, a fachada do Palácio é revestida de pedra e adornada com ferro, no entanto, seu maior destaque são as 20 chaminés coloridas e de diferentes formas no terraço. Que possuem fragmentos de cerâmica esmaltada, os trencadís. A técnica, de função decorativa, se tornou a marca registrada de Gaudí.
Localização: Carrer Nou de la Rambla
Visitação: Terça a domingo, das 10h às 20h. O ingresso custa 12€ (Ingressos)
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Col.legi de les Teresianes
Embora o Colégio das Teresianas tenha começado a ser construído por outro arquiteto em 1887, foi Gaudí que assumiu as etapas pós fundação até a finalização em 1889.
Como a obra precisava refletir o voto de pobreza das freiras, Antoni Gaudí usou bastante tijolo aparente na parte externa, inclusive como elemento decorativo. Os ângulos da fachada ganharam colunas coroadas com a cruz de quatro braços, que é bastante comum nos projetos do arquiteto.
Embora não seja aberto a visitação, vale a pena passar em frente ao edifício localizado na Carrer de Ganduxer.
Casa Bellesguard
Essa é uma das obras de Gaudí em Barcelona que vale muito a pena conhecer. Primeiro porque a torre da casa é gótica e moderna ao mesmo tempo. Segundo porque até o século XV, o castelo foi residência do rei de Aragão Martin I, que o mandou construir em 1408.
A partir de 1410, com a morte do rei, o castelo foi vendido diversas vezes, até ser abandonado e ficar em ruínas. Quase quatro séculos depois, em 1900, o local foi comprado por Maria Sagués que contrata os serviços de Gaudí, que era amigo do seu falecido marido, Jaume Figueras.
Dessa forma, entre 1900 e 1909, o arquiteto construiu a torre e o aqueduto, além de reconstruir as ruínas da muralha e os jardins. Nas fachadas, ele empregou a famosa cruz de quatro pontas, e para cobrir as paredes usou tijolos e lajotas de diferentes pedras, fazendo com que a torre tenha diversas tonalidades.
Localização: Carrer de Bellesguard
Visitação: Terça a domingo, das 10h às 15h | 9€ (Comprar ingressos)
Casa Calvet
Uma das obras menos conhecidas, a Casa Calvet foi encomendada pelo empresário Pere Màrtir Calvet e construída entre 1898 e 1900.
O arquiteto modernista teve que realizar a obra respeitando o estilo dos edifícios vizinhos no distrito do Eixample. Portanto, a construção é considerada mais conservadora, apesar de possuir sacadas e janelas feitas com ferro forjado.
Localização: Carrer de Casp
Apenas o restaurante no térreo é aberto a visitação.
Park Güell
Localizado no bairro Gràcia, o Parque Güell é um dos lugares mais visitados do circuito modernista de Barcelona. São 17 hectares com diversas formas onduladas e geométricas, figuras de animais e colunas em formato de árvores, quase tudo decorado com mosaicos coloridos.
Inicialmente o projeto, encomendado por Eusebi Güell em 1900, previa a construção de 40 casas em meio a natureza. Contudo, por falta de interesse, apenas duas casas foram concluídas, Uma delas foi ocupada por Gaudí e hoje funciona um museu.
Em 1926 a propriedade foi vendida para a prefeitura e transformada em um parque.
Localização: Carrer de Bellesguard
Visitação: Segunda a domingo, das 9h30 às 19h30 | 10€ (Reserve aqui)
Casa Batlló
Em estilo art-nouveau, a Casa Batlló é uma das obras de Gaudí em Barcelona mais importantes e reflete sua fase mais criativa. A fachada é cheia de esculturas inspiradas nas formas de animais, elementos marinhos e vegetais. Já a cobertura é inspirada nas formas de um dragão,
O prédio, situado no Passeig de Gràcia, foi construído em 1877, mas foi em 1904 que Gaudí começou a trabalhar no local após solicitação de José Batlló Casanovas, um empresário da área têxtil.
Localização: Passeig de Gràcia
Visitação: Diariamente, das 9h às 20h15 | 35€ ( Ingressos)
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Cripta de la Colonia Güell
Em 1898, Güell encomendou à Gaudí a construção de uma igreja na Colònia Güell, um experimento de organização sócio-laboral. No entanto, as obras só tiveram início dez anos depois e com a morte do empresário, em 1918, o projeto foi abandonado pela família. Na época, o arquiteto modernista só havia feito a cripta do templo.
Atualmente, o edifício tem a aparência de uma pequena igrejinha e é visto por muitos como um ensaio da Sagrada Família, uma vez que ele testou diversas soluções arquitetônicas inovadoras em sua construção.
Embora não esteja em Barcelona, é um local que vale muito a pena visitar e é pertinho de ir.
Localização: Carrer Claudi Güell
Visitação: Diariamente, das 10h às 15h | 9,50€
Obras de Gaudí em Barcelona – Sagrada Família
Considerada a expressão máxima do modernismo, a Sagrada Família começou a ser construída em 1882 em estilo neogótico pelo arquiteto Francesc Villar. No ano seguinte, Gaudí assume a obra, reformulando todo o projeto.
Ele então projetou três grandes fachadas: “ Natividade”, “ da Paixão” e a “Fachada da Glória”, bem como 18 torres. Em 1925, o arquiteto concluiu o campanário da torre de São Barnabé e a fachada da Natividade. Contudo, ele acabou morrendo no ano seguinte, deixando a obra inacabada.
Dessa forma, a Sagrada Família continua em obras até os dias atuais, com previsão para ser finalizada em 2026. Seu exterior impressiona pela riqueza de detalhes e o interior por seus belíssimos vitrais.
Localização: C/ de Mallorca
Visitação: Diariamente, das 9h às 20h | 26€
Rota Modernista de Barcelona
Barcelona é conhecida por ser um museu a céu aberto, isso porque abriga diversos edifícios no estilo modernista catalão e possui também uma Rota Modernista com 120 obras catalogadas, entre casas, palácios, lojas e outros, criada pela prefeitura.
Esse movimento arquitetônico e artístico foi bastante expressivo entre 1880 e 1930 e é caracterizado, entre outras coisas, por inovar na arquitetura se baseando em elementos da natureza. Isso porque arquitetos e escultores empregavam formas de flores, folhas, pássaros, lagartos e outros animais como adornos de fachadas e até mesmo em móveis. O uso de cerâmica colorida, ferro forjado e vitrais também eram bastante comuns.
O modernismo foi uma forma que a burguesia catalã encontrou para satisfazer seus desejos por modernização e para expressar a identidade catalã. Além das obras de Gaudí em Barcelona, se destacam também os edifícios projetados por Lluís Domènech i Montaner e Josep Puig i Cadafalch.
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Lluís Domènech i Montaner
Esse foi outro arquiteto de bastante destaque em Barcelona. Afinal, Lluis Domènech i Montaner (Barcelona, 21/12/1849 — 27/12/1923) é responsável pelo projeto do Palau de la Música Catalana (Palácio da Música Catalã) e do Hospital de la Santa Creu i Sant Pau (Hospital da Santa Cruz e São Paulo), que hoje são Patrimônios Mundiais pela UNESCO.
Josep Puig i Cadafalch
Considerado o último representante do modernismo catalão, Josep Puig i Cadalfach (Mataró, 17/10/1867 — Barcelona, 23/12/1956) projetou diversos edifícios em Barcelona e seus arredores, com destaque para a Casa de les Punxes e a Casa Amatller.
E, embora esteja fora da cidade, preciso comentar que o arquiteto também foi contratado em 1895 para ampliar a adega dos Codorniu, uma família de viticultores da Espanha. O edifício, esculpido em pedra, lembra as hastes dos copos de cava, o famoso espumante da região e é patrimônio nacional desde 1976.
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